quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Aos 32

Minha alma está em festa.
Vestida da “mais louca alegria que se possa imaginar”.
Me falta espaço na boca para tanto sorriso.
Aos 32, me sinto mais forte, mais pronto, mais jovem, mais rico.
Cada vez mais longe do fim.
Sinto menos os sabores, como mais.
Sinto mais os amores, sofro menos.
Aos 32, se eu fosse uma nota musical seria um Lá Maior, muito maior.
Se eu fosse um animal, seria gente.
Um objeto, coroa.
Cor, amarelo.
Aos 32 fui pego de surpresas, assim mesmo, no plural.
Recebi flores pela primeira vez e achei bom demais.
Me cerquei de novas e deliciosas amizades, todas minhas.
Tive balões no teto novamente.
Aos 32 sou eu de verdade, me emociono de verdade, vivo de verdade.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Palavra inventada

Vou inventar um amor.
Ao meu modo, para que sirva só para mim.
Não quero que ele cresça dentro de mim.
Já vou criá-lo imenso, quase insustentável.
Quero sentir meu corpo tomado por aquelas infindáveis substâncias que nos invadem quando estamos apaixonados.
E que nesse momento os pombos voem e os sinos dobrem.
Para que não reste nenhuma dúvida de que ele está pronto.
Quero a taquicardia, a aflição, as bochechas quentes.
Quero amar tanto que seja dose suficiente para dois.
E não quero me preocupar em ter reciprocidade.
Vou confundir amor com paixão, tesão com sentimento.
Dar tanto espaço para o meu coração que ele vai crescer “desmesuradamente”.
Assim é melhor, coração grande cabe muita gente.
Afinal, um amor assim não pode ser confiado a uma pessoa só.

Passeie

Leve seus braços e abraços de caranguejo para passear longe de mim.
Aproveite e leve a reboque seu cheiro doce e seus dentinhos curtos.
Tão curtos quanto a sua vontade própria e o seu aprendizado de gramática.
Quer ser meu amigo?
Faça por onde.
Vá passear e só volte quando estiver pronto.
Saia da beira desse precipício de “se” em que você vive.
Pegue qualquer barco num porto qualquer e capriche na remada.
Sem rota ou destino certos.
Assim, com certeza, vamos nos encontrar um dia.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Você consegue

Será que você é capaz de me amar por inteiro?
Leia meu manual, vou mostrá-lo a você.
Me beije com avidez e sofreguidão.
Cada vez como se fosse a primeira.
Cada vez como se fosse a última.
Me faça calar a boca, fechar os olhos.
Me faça perder o fôlego, o tino, a sensatez.
Me aperte com força, me deixe sem espaço para dúvidas.
Quero ter a certeza de querer morrer nesse abraço, feliz.
Derreter em seus braços e passar a existir em outra realidade.
Nem que seja por alguns segundos.
Quando for embora, me deixe marcas, de preferência as invisíveis.
É assim que eu funciono.
É assim que é bom para mim.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Viva a Ressaca Moral - É Primavera

Viva a certeza de ter feito aquilo que você sabia que não devia fazer, mas fez.
Vivas aos invejosos olhares de soslaio ainda gravados em sua memória.
Vivas aos olhares cobiçosos ainda gravados em sua pele.
Como a ressaca etílica, a moral deixa um gosto amargo.
Não na boca, e sim na alma.
Mas lembrar do delito premeditadamente cometido na noite anterior é bem melhor do que lembrar as doses de álcool, excessivamente consumidas.
Álcool e delito, dupla inseparável.
Perder o freio, passar dos limites.
Para os amigos, que afinal de contas são amigos, basta dizer que lembra muito bem de tudo e que não fez aquilo por estar embriagado.
Mentir para os outros não é a pior mentira.
Imoralidade à flor da pele cheia de marcas.
Aproveitem. Estamos na primavera.
Quem for flor, que floresça.
Quem for folha, que se vire.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Para sair do bode (carta para um amigo)

Junte o restante de forças que ainda tem.
Respire dez vezes de maneira lenta e controlada.
Pense em tudo que vale mesmo a pena em sua vida.
Família, amigos, amores, momentos, lugares...
Pense em tudo que te trouxe até aqui e que fez de você o que você é hoje.
Se chorar for uma urgência, chore com vontade.
Se gritar for uma necessidade, grite bem alto.
Ponha tudo para fora.
Repense conceitos e preconceitos.
Avalie, analise.
Tome fôlego.
Agora reúna os amigos e suas melhores lembranças.
Coloque uma música bem alta e dance.
Dance até o corpo não agüentar mais.
Deixe a alegria te contagiar e transbordar de você, contagiando quem estiver à sua volta.
Ame com vontade, faça isso agora, faça disso um ideal.
Fale menos, ouça mais.
Julgue menos, entenda mais.
Acelere sempre e desacelere quando for preciso.
Faça do seu bem-estar o motivo principal de sua vida.
Foque, estabilize, mude, mantenha, reinvente.
Seja feliz, sempre.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

fara - fafá

Elas eram um e um.
Nem tanto fracas, nem tanto prontas.
Começou com trabalho, passou por convivência.
Virou amizade.
Virou respeito.
Virou admiração.
Juntas, viraram duas.
Uma com alegria, outra com açúcar.
Uma com vontade, outra com incertezas.
Uma com fortaleza, outra com carisma.
Uma com saudade, outra com ansiedade.
Uma com uma mão, outra com outra mão.
Já mãos dadas.
Destino? O universo.
À elas que eu amo.
À elas que eu admiro.
Um brinde borbulhante.
Alegria, açúcar e triunfo!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Esquema novo

Porque eu não vou mais ter os abraços de ladinho.
Nem os dentinhos meio tortos compondo um sorriso capaz de mudar o meu dia.
Não ter mais os SOS com cervejas imprevistas em plena terça-feira, daquelas que salvam vidas.
As dúvidas na cor e no corte do argentino.
Os olhos arregalados de surpresa e a ansiedade diante de cada prenúncio de novidade.
Porque não vou mais ter eu, você e Lily Allen.
Nem as intimidades capilares de Nando Reis.
Os ciúmes e o mau-humor repentino.
Carro com cheiro de boneca.
Choro no cinema, num momento de realidade.
Porque não vou mais ter palavras inventadas e gargalhadas descontroladas.
Porque os Esquemas Novos vão perder toda a poesia e o remelexo.
Por causa do seu novo esquema.
Porque agora eu vou ter Brasília como meu principal destino.
Porque sei que meu coração vai ficar aos pedaços.
Porque eu te amo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Do jeito que eu gosto

Das coisas que eu gosto, gosto mais de sol, sal, mar e protetor solar queimado na pele.
Gosto de muita água, de ouro e espelho.
Gosto de palavras de mãos dadas, de lápis e papel.
Gosto de estrada, de novidade e de mudança.
Gosto de buscar, conquistar, ter e deixar.
Gosto de cheiros que trazem lembranças.
Gosto de amigos; passados, presentes e futuros.
Gosto de conjugá-los.
Gosto de cinema, pipoca e bala de menta.
Gosto de chiclete, borbulhas e gosto das Divas.
Gosto de rir, de gargalhar até doer.
Gosto de achar dinheiro esquecido no bolso e gastar.
Gosto de música alta, pé no chão e cabeça nas nuvens.
Gosto de amar muito. Só serve se for assim.
Gosto de me apaixonar e também de me “reapaixonar”.
Gosto de gostar.
Gosto de você.
Gosto mais de mim.

Obrigado

Quando você chegou, tudo ficou diferente.
Quando você foi embora, também.
Diferente de um jeito que eu não distinguia se era bom ou ruim.
Era assim, apenas e simplesmente diferente.
Quando você foi embora, deixou em mim uma lacuna, mas descobri que dois menos um nem sempre é subtração.
Quando você foi embora, me fiz melhor.
Quando você foi embora, vazou sem querer, na saída; a minha veia de escritor.
E eu gostei, posso até dizer que viciei.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Só promessas?

Prometo nunca mais me apaixonar se não for perdidamente e à primeira vista.
Prometo nunca mais dar esperança ao meu coração por alguém que eu não admire de verdade.
Prometo nunca mais não ouvir o meu coração ou tratar com burocracia ou diplomacia a vontade de mandar alguém à merda.
Prometo nunca mais pisar em minhas verdades para satisfazer uma ilusão.
Juro só aceitar o amor que me é dado por alguém se eu quiser realmente ser amado por esse alguém.
Juro só me preocupar com o que importa, mesmo que às vezes o que seja importante para mim não signifique nada para você.
Juro soltar as rédeas do meu coração e só andar em montanha-russa com os braços bem abertos e os olhos bem fechados.
Juro descobrir do que é feita a minha carne e o que corre em minhas veias.

Arrumação

Depois do susto induzido, uma pausa na respiração e o aperto no estômago.
A fatal faxina.
Não sou dado a tal prática, confesso. Mas é muito necessária algumas vezes.
Poupa uma vontade de fazer terapia.
Então, vamos lá, mãos-à-obra.
Cada coisa em sua caixa. Para não ter confusão depois, tudo no seu devido lugar. Poeira tem pouca. Afinal, o lugar estava em ordem antes dele chegar.
Hum...sobraram algumas dúvidas. Bom, vou devolvê-las ao dono, não vou mais precisar delas.
Faxina pronta.No meio da arrumação ficaram apenas uns óculos com a perna quebrada e um molho de chaves. Ao dono, assim como as dúvidas.

Domingo de Carnaval

Eu te olhei, você me olhou.
Eu te chamei, você veio.
Foi lindo.
Era para ter terminado como começou, lindo.
Mas terminou feio.
Sobraram amores ditos, faltaram amores feitos.
Sobraram palavras mal ditas, faltou respeito.
Sobrou racionalismo, faltou sentimento verdadeiro.
Sobrou decepção, faltou admiração.
Um saiu correndo na frente e logo se cansou.
O outro correu atrás e nem percebeu que aquele havia parado, seguiu.
Quando se viram tão distantes era tarde demais, acabou.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sambado

Eu gosto de sambar
De dançar também
Mas sambar é mais
A sensação de que não sou eu quem está ali é muito presente
Mexer os pés de maneira tão precisa
E mesmo assim não ter idéia de como se faz aquilo
Não saber ensinar porque nunca aprendi
Aliás, quando foi mesmo que eu comecei a sambar?
Dizem que eu sambo bem
Mas sambaria mesmo se não soubesse
O samba é meu senhor
Fechar os olhos e deixar o chão para trás
É isso que o samba me faz

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Faça você mesmo

Pegue um domingo chuvoso e de pouca expectativa.
Junte ao amor de sua vida. Se for a sua alma gêmea, ainda melhor.
Coloque boas risadas e doses de álcool a gosto.
Misture bem com novas amizades reencontradas e amigos dos amigos.
Tempere com conversas que corariam as meninas mais danadas da Ladeira da Montanha.
Adicione uma parte de alguma paisagem que te deixe sem fôlego.
Deixe a chuva molhar.
Esqueça da vida.
Enquanto espera tudo descansar, aproveite e cante alto uma nova música que você nem conhece a letra. Repita até aprender e amar.
Está pronto.
Aproveite seu domingo reinventado em grandes colheradas, sem restrições.

Como uma dança

Toda dança começa com o primeiro passo.
Todo amor começa com o primeiro beijo.
Quero um amor assim.
Que evolua pelos salões, passo a passo, beijo a beijo.
Num sem-fim de movimentos.
Até que seja impossível conter a alma e as lágrimas.

Homem de lata

Pare agora mesmo de me tratar como se eu fosse de papel.
Sou mais resistente do que isso e minhas lágrimas não vão me derreter.
Cansei de ouvir que eu sou bom demais para você, que mereço alguém melhor, que você não quer me machucar ou me decepcionar.
Tarde demais, já decepcionou.
O machucado é meu e vai doer só em mim. Para você restava apenas fazer a sua parte. E você falhou.
Não gosto de covardes, pessoas que têm medo de sofrer ou que antecipam sofrimentos e situações ruins para agora, temendo chorar depois.
Sorrir ou sofrer, eu ou você, depende apenas do dia. Não se engane.

Quando tudo foi simples

Quero voltar atrás e ter para sempre a sensação dos dias em que fui simples pela primeira vez.
Dos dias em que não pensei muito, não teorizei, apenas agi.
Fui muito feliz, apesar de algumas imprescindíveis lágrimas no fim.
Descobri na simplicidade como transformar cinco dias em uma eternidade.
Como fechar os olhos e deixar Bethania dizer tudo aquilo que meus olhos já lhe falavam desde que te vi pela primeira vez.
Na simplicidade, me deixei envolver pelas incríveis coincidências entre nós, sem medo de me arrepender.
Trocamos músicas, olhares e arrepios na nuca tendo a lua, o mar e a rua como comparsas daquela insanidade inconfessa.
Fomos o casal mais bonito que o mundo já viu e eu nem me preocupei com o quanto aquilo ia durar. Fui simples.
Você me disse coisas que eu nunca tinha me permitido ouvir antes, e eu escutei você.
Meus olhos brilharam e você se viu refletido neles. Era tudo e apenas o que havia dentro de mim, você.
Quando descobri, sem querer, a simplicidade, fui amado.